quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Agora já é Natal, digo, Ano Novo

Não seria preciso um beliscão para seres a última da primeira pessoa em quem penso durante todo o ano.  Nos últimos cinco minutos ouço um clique e vou ao quarto vestir o casaco depois de lavar a cara. Levei a peito uma afirmação sem jeito. Ainda faço "pác" quando caio de costas. Quase que me esquecia de me lembrar de ti. Chego a pensar que talvez isso fosse bom, mas depressa me arrependo. Dizem-me para me concentrar no desejo que vou pedir, depressa lhes respondo que só quero um Emprego. Tenho tempo para ver a Madrinha sorrir para mim antes de me levantar pela última vez este ano. Os olhos enchem-se outra vez de lágrimas e nos sete, seis, cinco fecham-se num abraço. É sempre nesta parte que sei que não há melhor passagem de ano do que a minha. Como as passas atrasada, fecho os olhos e começo a pedir. Que tudo o que estava suspenso por fios frágeis caia e o que não pertence se renove. Vêm os primeiros beijos, os abraços e o champanhe que nessa noite se bebe pela garrafa. Torno a voltar-me para o fogo do canto do terraço de onde se vêem todos os fogos. Continuo a pensar em ti e, agora de olhos abertos, a pedir. Que nunca desejes que deixe de pensar em ti como quando fazes anos, morreste, o Natal chega ou o ano passa. Que continues a fazer deles as partes boas dos meus momentos maus. Que nenhum de nós se esqueça da força que possui. No dia seguinte colocam-me a pergunta "Estavas a chorar de felicidade ou de tristeza?". Não foi o primeiro ano que me senti dividida na resposta. A dor que ontem sentia pela falta que me fazes, que tu, um telefonema, uma mensagem e o que quer que já não se use me fazem, foi hoje atenuada dentro do meu carro com marcha-atrás, um sorriso, acenos e olás antes do melhor abraço do mundo com saltinhos da Maria Emília. É olhar para a pessoa que me olha nos olhos e ver-te reflectida nos óculos de quem me fala. Fiz o que farias. Não propositado, deixei a traseira do carro no meio da estrada principal de Cortém mesmo em frente ao armazém, abracei e desejei bom ano a quem comigo se cruzou. Disse "vai ser melhor, vai ser muito melhor!" com a mesma expressão e quase que ia jurar que era a tua voz, e recebi o sorriso que me lembro que costumavas receber de toda a gente que se cruzava contigo. Só hoje é que percebi que tenho os teus olhos cravados na parte boa que deixaste no meu coração. Só hoje é que não duvidei que as pessoas se recordam de ti quando levanto muito os braços e quase toco com as mãos atrás das costas. Só hoje é que senti que se calhar há pessoas que te vêem em mim e em muitas das minhas atitudes. Que se calhar, e só calhar és o motor de toda esta força e positivismo que encontro sempre quando raspo o fundo do poço e trago maçãs. Por muito que passem os anos eu vou lembrar de me lembrar de ti. Esse é o melhor momento de todos os anos. No fim de todos os fogos pararem o desejo de sempre: Que nunca te esqueças de mim.

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